Juiz jurado de morte diz estar há seis anos sem escolta e entra na justiça para ter proteção
Juiz jurado de morte está há seis anos sem escolta e entra na justiça para ter proteção
O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, conhecido pela atuação contra o crime organizado na fronteira do Brasil com o Paraguai, perdeu a escolta policial após 20 anos de proteção. Responsável por prisões de chefes do tráfico, entre eles Fernandinho Beira-Mar, ele foi jurado de morte por facções criminosas e viveu sob segurança permanente desde 1998.
A proteção que o juiz tinha 24h por dia, enquanto estava na ativa, foi suspensa em fevereiro de 2019, um ano e meio depois da sua aposentadoria. Em entrevista ao Globonews Mais nesta quinta-feira (18), ele disse que, desde então "tem implorado ao Conselho Nacional de Justiça" por segurança.
"A gente trabalha a vida inteira nesse Brasil. Renuncia à liberdade, renuncia à vida, e a família fica presa dentro de casa. Quando se aposenta, o brasil joga o juiz no lixo, como se fosse uma bucha de laranja. E ele fica fragilizado, à disposição da criminalidade que combateu a vida inteira", disse o juiz aposentado.
Segundo Oliveira, ele entrou na justiça para ter direito à escolta pelo menos três vezes por semana, no máximo 6h por dia, para fazer atividades externas, mas ainda não conseguiu garantir a segurança. "Juntei cerca de 3kg de documentos que provavam ameaças, planos de morte e um atentado que sofri em Ponta Porã".
Nesta segunda-feira, o ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes foi executado. Foi o terceiro assassinato de servidores públicos que atuaram diretamente no combate ao crime organizado nos últimos 22 anos no estado. Além do policial, um juiz e um ex-diretor de presídio também foram mortos em atentados.
O juiz Oliveira construiu sua carreira na região de Ponta Porã (MS), na fronteira seca com o Paraguai, e ganhou projeção nacional ao enfrentar o narcotráfico em uma das áreas mais vulneráveis à atuação de facções. Durante esse período, foi alvo de ameaças e planos de execução.
Ao menos dois projetos de lei preveem proteção para servidores que combatem o crime organizado. Um deles é o PL Antimáfia, que inclui proteção também depois da aposentadoria. O outro é o PL 1307/2023, que prevê escolta pessoal para profissionais que combatem o crime organizado em região de fronteiraFONTE: https://g1.globo.com/politica/blog/julia-duailibi/post/2025/09/18/juiz-jurado-de-morte-esta-ha-seis-anos-sem-escolta-e-entra-na-justica-para-ter-protecao.ghtml